Postado por Marcos Assis | | Posted On segunda-feira, 9 de maio de 2011 at 05:11



Artista – Ride
Álbum – Nowhere
Ano de lançamento - 1990


Barulho, microfonia, melodia e melancolia. No final dos anos 1980, começo dos anos 1990, a união desses elementos trazia ao rock uma nova vertente. O “shoegaze”, algo como “olhar para os sapatos”, foi um apelido dado às bandas que tocavam de forma “tímida”, olhando para baixo. Essas bandas foram influenciadas fortemente pelo Velvet Underground, que antecipou nos anos 1960, boa parte da música que é feita hoje.

O choque que Nowhere causou nos amantes da música underground foi avassalador. Só os escoceses do Jesus and Mary Chain, nos álbums Psychocandy e Darklands, foram tão precisos ao mesclar melodia e “barulho”.

O disco é um dos marcos da música dos anos 1990. Vapour Trail, com sua orquestração belíssima, Paralyzed com seus picos de fúria em meio a uma psicodelia digna dos anos 60, Seagull com sua melodia “alegre” recheada de inserções de guitarras distorcidas, quase sem fim, são preciosidades que, na época, estavam envoltas num cenário musical que era um mar de música eletrônica de quinta categoria. O ruído de uma multidão que se ouve no fundo de Paralysed é um tumulto que estava acontecendo fora do estúdio... Truques de gravação. Às vezes você aproveita algo inusitado que acaba se tornando genial dentro de uma música.
O som etéreo, atmosférico, casa perfeitamente com o “wall of sound” das guitarras da banda. O Ride definiu um estilo próprio em Nowhere, fazendo com que se tornasse um daqueles álbuns que definem um movimento.

A gravadora Rhino Handmade acabou de lançar uma edição especial de 20 anos do lançamento de Nowhere. O CD traz o material original remasterizado, mais 7 faixas bônus e um segundo álbum contendo um show ao vivo no The Roxy in Los Angeles, gravado no dia 10 de abril de 1991. Um livreto de 40 páginas com fotos exclusivas e uma resenha feita pelo crítico musical Jim DeRogatis também acompanham o pacote.

O Ride foi, talvez, o maior representante de uma época muito criativa das bandas inglesas. No mesmo caldeirão estavam Soup Dragons, My Bloody Valentine, Jesus and Mary Chain e Charlatans, entre outros. Depois dessa cena inglesa, na época chamada de Indie Rock, que era o verdadeiro som underground, o rock inglês não produziu nada tão criativo.

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