Postado por Marcos Assis | | Posted On quarta-feira, 28 de outubro de 2009 at 12:41



Artista – New York
Artista – Lou reed
Ano de lançamento - 1989

Lou Reed vem pautando a agenda musical há mais de trinta anos. Ao lado de John Cale, Moe Tucker e Sterling Morrison, formou uma das mais inovadoras e influentes bandas de todos os tempos, o Velvet Undreground.
Lou já foi andrógino, foi casado com um travesti e já morou na rua se arrastando pelos becos de Nova Yorque movido a anfetamina e álcool. Foi literalmente resgatado por David Bowie, que o levou para Berlin, na Alemanha, para que voltasse a produzir. Avesso a regras e estereótipos, Lou sempre rendeu boas histórias para os repórteres. Numa entrevista á antiga revista Bizz, publicada no Brasil nos anos 80-90, o repórter estava fumando um cigarro Marlboro. Lou disse que estava tentando diminuir o fumo, tragando um Carlton, mas que não resistia ao ver um “cigarro de verdade”. Ato contínuo, tomou emprestada, digamos assim, a carteira de cigarro do repórter... Típico de sua personalidade e de um tempo em que ninguém se preocupava em ser politicamente correto. Éramos felizes e não sabíamos...
Seu trabalho solo teve altos e baixos, drogas e ostracismo. New York, de 1989, marca um dos seus melhores momentos como compositor e letrista. Lou fala sobre sua cidade, sobre o submundo de Nova York, talvez sua maior paixão.
Os guetos, a noite cheia de tentações, as drogas, as prostitutas, os bares e os bairros da cidade são retratados nas canções do disco. Lou é um rocker, no melhor sentido da palavra. Visualmente, seu traje habitual é um jeans e uma jaqueta de couro, pois não são necessários muitos apetrechos modernos se você tem uma obra musical consistente. Caras como ele são raros hoje em dia, fiéis ao que pensam, fiéis ao que são, sem máscaras para enganar os fãs. Lou é Lou, e isso basta.
A forma de cantar e escrever suas letras se assemelha a um contador de histórias. Ele elabora as letras como uma sequência de fatos, e seu canto é pausado, às vezes mais agressivo ou mais ameno. De certa forma ele quase declama sua canção. Um exemplo é Dirty Boulevard: “Pedro vive no Wilshire Hotel. Olha pela janela sem vidro. As paredes são feitas de papelão, jornais nos seus pés. Seu pai lhe dá surras porque ele tá cansado demais para pedir esmola...”.
“Em “There is no time” ele fala sobre essa urgência de sensações que não nos deixa olhar para o que está ao nosso lado: “Isto não é hora para celebração. Isto não é hora para aperto de mãos. Isto não é hora para tapinhas nas costas. Isto não é hora para bandas de fanfarra. Isto não é hora para otimismo. Isto não é hora para reflexões intermináveis. Isto não é hora para o meu país, certo ou errado. Lembra o que isto trouxe. Não há tempo.”.
Lou é um dos raros artistas que unem qualidade nas músicas e nas letras, uma completa a outra. Hoje em dia muitas almas sinistras dizem que o rock está morto.
Certamente não é o caso de Lou. Ele se confunde com o próprio rock.


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Postado por Marcos Assis | | Posted On segunda-feira, 12 de outubro de 2009 at 21:12



Artista – Sex Pistols
Álbum – Never Mind The Bollocks
Ano de lançamento - 1977

Ícone do punk, o Sex Pistols definiu um estilo, criou um gênero musical.
Com o lema “do it yourself”, faça você mesmo, os Pistols popularizaram as chamadas músicas de três acordes. A idéia do punk era que qualquer pessoa pudesse fazer música, que não era necessário o virtuosismo das bandas progressivas que dominavam a cena musical da época, como o Genesis ou o Yes, para um garoto criar uma canção.
A bandeira do punk foi levantada para se opor ao ideal hippie de paz e amor. Numa Inglaterra abalada pelo desemprego, a pergunta era: o que poderia um jovem da classe operária fazer, além de montar uma banda de rock?
A história conta que o estilista Malcolm McLarem criou a banda. Malcolm tinha uma loja de roupas chamada Sex, em Londres, e teria escolhido a dedo os integrantes da banda. Steve Jones e Paul Cook (respectivamente guitarrista e baterista) eram frequentadores da Sex. Glen Matlock, baixista, trabalhava na loja aos sábados. Faltava escolher um vocalista.
Depois de descartar o crítico Nick Kent e o cantor Richard Hell para a vaga, a banda fez um teste com um adolescente de dentes podres chamado John Lydon. A “audição”foi feita própria loja, com o vocalista cantando numa jukebox. Johnny, que nunca tinha cantado na vida antes, foi aprovado, digamos, pela sua postura e comportamento anti-social. Em resumo, era perfeito para a vaga.
Para quem escuta as bandas que se dizem “punks” nos dias de hoje, e nunca ouviu os Pistols, o choque é imediato. John Lydon, Joãozinho podre para os íntimos, era um tipo digamos, imprevisível. Cabelo espetado cor de cenoura, alguns dentes podres, roupas rasgadas e uma ferocidade no palco fazem de Lydon o estereótipo do punk.
No álbum estão hinos como God Save The Queen, uma sátira do hino inglês “Deus salve a Rainha”, onde a banda já dá o tom do seu descaso com leis e ordem. Anarchy in the UK é um petardo, com sua letra caótica e um refrão destruidor, “I’m a antichrist, i’m a anarchist..." se contrapondo ao mundo flowerpower do movimento hippie, mostrando que, já naquela época, de lindo e maravilhoso este orbe azul não tinha quase nada.
Em 2007 a banda voltou para fazer alguns shows. Os velhinhos na casa dos 50 anos não se fizeram de rogados, e, mantendo a ironia, Lydon declarou que voltaram apenas pelo dinheiro dos shows.
Hoje você vê um moleque de cabelo azul, alargador na orelha, e camisa do NX Zero se dizendo “o punk””. Bullshit! Ouça os Pistols e descubra o que é punk.


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