Postado por Marcos Assis | | Posted On quarta-feira, 22 de dezembro de 2010 at 02:19



Artista - Lloyd Cole And The Commotions
Álbum – Rattlesnakes
Ano de lançamento - 1984


O pop perfeito. Nos anos 80 essa era a busca das bandas e dos críticos musicais. Quem se aproximaria mais do Santo Graal da música, a combinação perfeita entre melodia, ritmo e peso?
Uma das bandas que chegaram muito perto desse conceito foi o Lloyd Cole And The Commotions. Sobre belas levadas de violões, climas de teclados e guitarras milimetricamente colocadas, Cole desfilava seu vocal único, meio rouco, meio boêmio, hipnotizante.
O som do Lloyd tem muito de folk, uma certa aura de trovador medieval. As levadas no violão com sua voz mantendo uma linha melódica característica são belíssimas.
Desafio você a me mostrar algo mais bonito e tocante que “Are you ready to be, heartbroken?” na cena musical de hoje. Não existe. O som era puro, no real significado da palavra.
Rattlesnakes foi o álbum de estréia da banda, e talvez o melhor. Cole era um estudante de filosofia na Universidade de Glasgow, na Escócia. Apaixonado por literatura, ele buscou colocar todas as suas referências nas letras. Em Perfect Skin, ele canta bem mais rápido que a melodia da música para que a letra coubesse nos compassos. Falando de amor, nostalgia, decepções, Cole também tinha um senso de humor oculto nas canções.
Lloyd Cole é a “cara” da banda, o mentor, o criador, mas o guitarrista Neil Clark faz o fundo para os vocais melancólicos de forma sublime. Dedilhados ao violão, bases tranqüilas somente acompanhando o vocal, frases de guitarra econômicas e melodicamente fantásticas, tudo isso fazem a atmosfera do álbum ser fantástica. A banda ainda contava com Blair Cowan nos teclados, outro que criava climas perfeitos para as músicas, Lawrence Donegan no baixo e Stephen Irvine na bateria.
Paul Hardiman, o produtor do disco, se isolou com o grupo por seis semanas e conseguiu um trabalho notável. "Eu me lembro que quando ouvi as gravações fiquei espantado e me perguntando, é tão fácil assim fazer um bom disco? Porque ele foi muito fácil de ser feito, na verdade. O solo de Neil em Forest Fire era algo inacreditável. Eu fiquei maluco também com Are You Ready to Be Heartbroken?, conta o baixista Lawrence Donegan. A letra diz "Você está preparado para ter o coração quebrado? Você está pronto para sangrar?".
Hoje os tempos são outros. Não se fala mais em “pop perfeito”. Talvez por o pop de hoje seja um lixo, comercial e descartável.
Mas se algum dia essa busca embriagou críticos e bandas, Cole e seus Commotions chegaram muito perto de conseguir. Talvez tenham conseguido...


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Postado por Marcos Assis | | Posted On terça-feira, 21 de dezembro de 2010 at 07:37



Artista - Velvet Underground
Álbum – Velvet Underground and Nico
Ano de lançamento – 1967


Este é, seguramente, um dos álbuns mais marcantes da história do rock and roll. Conhecido como “o álbum da banana”, Velvet Underground And Nico une, ao mesmo tempo, os talentos únicos de Lou Reed e John Cale, a criatividade de Sterling Morrison e da baterista, percussionista e “barulhista” Mo Tucker, ao vocal ingênuo da atriz Nico. Tudo sobre a batuta do rei da Pop Art, o artista plástico Andy Warhol.
Ali estão melodias inigualáveis como Pale Blue Eyes, All Tomorrow’s Parties e Sunday Morning. Velvet and Nico consegue te levar a lugares mágicos, coisa que só grandes, mas grandes álbuns mesmo conseguem fazer. Ao ouvir os primeiros acordes de Venus In Furs até o mais rabugento pagodeiro para e presta atenção. Heroin, música que fala dos efeitos da heroína, tem DOIS acordes, e é uma das mais fantásticas músicas já escritas por um membro dessa raça maldita que somos nós, humanos. John Cale fica fazendo UMA nota com seu violino atrás da música. “Eu não sei exatamente onde estou indo, mas vou tentar ir ao Paraíso, se eu puder. Porque isto faz eu me sentir como um homem. Quando eu enfiar a agulha na minha veia direi a você que as coisas não são mais as mesmas. Quando estou apressado em minha corrida sinto como se fosse filho de Jesus. E acho que eu simplesmente não sei”.
As letras falam de drogas, prostituição, sadomasoquismo, temas que só podiam se transformar em música pelas mãos de Lou Reed. É incrível a quantidade de camadas de instrumentos que é possível perceber nas músicas, tudo isso gravado há mais de 40 anos atrás! Hoje, com todos os recursos moderninhos, uma banda mal consegue passar do tradicional guitarra, baixo, bateria e vocal. Mo Tucker, por exemplo, tinha um estilo único de tocar. Ela virava o bumbo da bateria, os tons, o surdo, e tocava em pé.
Incrivelmente o disco não vendeu bem. Porém, diz a lenda que quem comprou o disco montou uma banda. Numa entrevista dada por Lou Reed nos anos 80, o repórter perguntou qual seria a sua definição sobre o primeiro álbum do Velvet. Lou nem pensou: "é simplesmente o mais importante disco da história do rock". O repórter tentou argumentar se não seria o Sgt. Pepper's dos Beatles. Lou não perdeu a calma e fulminou: "eu disse o mais importante e não o que mais vendeu. Se não está convencido, pergunte para essa nova geração de onde eles tiram esse som."
Artistas do naipe de Iggy Pop e David Bowie concordam plenamente com Lou. Com a palavra, Iggy: "eu me lembro que fui à casa de uma amiga. Entre um beijo aqui e ali, ela colocou o disco do Velvet. Na hora eu parei, fiquei assustado, e depois não parava de ouvir. Eu queria saber mais sobre aquelas letras, aquela selvageria no som. Eu perguntei o que era e ela riu na minha cara, falando que eu era muito careta. Pois foi isso que me senti na hora: um careta! Como uma banda dessas existia e eu não conhecia?".
Bowie também mudou seus conceitos ao conhecer o Velvet: "eu ouvi o disco em Londres pouco tempo depois do lançamento. Não acreditava nos meus ouvidos. Era totalmente fora de moda, agressivo, sujo, excitante. Ninguém concordava comigo quando mostrava o disco e colocava para ouvir. As pessoas pediam para eu desligar o aparelho de som, ficavam chocadas. Londres apesar de ser uma das principais cidades da época em qualidade de música, não estava preparada para agüentar aquilo. Sinceramente, nem eu sabia como gostava. Só sabia que pensava conhecer esse grupo."
Através dessas declarações dá para se ter uma idéia do que Velvet Underground And Nico representou para a história da música.


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Postado por Marcos Assis | | Posted On terça-feira, 2 de novembro de 2010 at 10:33



Artista – Violeta de Outono
Álbum – Violeta de Outono
Ano de lançamento - 1987


“Canto do extremo do mundo, espero em silêncio profundo”. Os versos de “Outono” refletem o Violeta, uma das melhores e mais criativas bandas desse país. Quem a conhece? Eu, você...
Nunca deixarei de lamentar o que a indústria cultural, herança de Adorno e Horkheimer, faz com a música nesse país. Bandas como o Violeta deveriam ser idolatradas, ouvidas em todas as rádios, comentadas, analisadas. Em vez disso estão condenadas a serem conhecidas pelos guerreiros da boa música, que abominam a mídia e o consumismo barato, e vivem procurando bandas onde só a qualidade prevalece.
“Esse é o final da sua glória, espero que fique além da memória... Anjos procurando se esconder, caídos no abismo tentam se recolher...” Versos de Declínio de maio.
Violeta de Outono, lançado em 1987, remete o ouvinte aos anos 60, ao LSD, ao Floyd, a Barret. Atmosferas magníficas nos envolvem de tal forma que o vinil começa e termina sem você perceber. Uma obra prima daquelas que surgem em momentos de inspiração raríssimos, como Monet, Dali ou Godard. Impossível não se emocionar ouvindo “Faces”, com sua levada ao violão com intervenções da guitarra “espacial” de Fábio Golfetti e do teclado, com uma leve percussão e um baixo melódico. A antiga revista Bizz, (quem tem mais de 30 anos deve ter a coleção em casa), fazia uma votação anual das melhores bandas nacionais e internacionais para a crítica especializada e para o público. Em 1987 o público elegeu o Violeta de Outono como a melhor banda e a revelação do ano. Fantásticos tempos onde a audiência era mais politizada, mais sedenta de boa música, podendo avaliar a qualidade das bandas sem necessitar de um dicionário e de uma bússola.
A formação original do Violeta, com Ângelo Pastorello no baixo, Cláudio Souza na bateria e o fantástico Fábio Golfetti na guitarra e vocais, é um daqueles casos onde cabe a alcunha de “Power trio”. A química entre os caras é fantástica, com a música fluindo sem cessar, vide “Declínio de maio”, “Faces”, “Outono” e “Dia eterno”, clássicos do underground brasileiro.
Baixe, compre os CDs pelo site dos caras www.violetadeoutono.com, veja no youtube, vá a shows, mas não deixe de conhecer o som do Violeta. Boa música, feita no Brasil.


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Postado por Marcos Assis | | Posted On sábado, 16 de outubro de 2010 at 14:59



Artista - Pixies
Álbum - Doolittle
Ano de lançamento - 1989


Rock alternativo… A denominação era dada originalmente para bandas fora do mainstream, da grande indústria fonográfica. Hoje basta o moleque ter um cabelo parecido com um porco-espinho e unhas pintadas para ser denominado alternativo... O Pixies foi uma das primeiras bandas a serem chamadas de alternativa, e uma das que mais mereceram essa alcunha. A banda criou um som original, onde todos os instrumentos, em alguma música, desempenham o papel principal. Apesar de terem álbuns sensacionais, como Surfer Rosa e Bossanova, Doolittle é, sem dúvida, o melhor deles. Segundo o guitarrista Joey Santiago, um dos principais fatores para o disco ter se tornado um clássico foi o produtor Gil Norton. O processo de gravação com overdubs, gravações adicionais feitas umas sobre as outras, trouxe ao disco uma cara diferente dos outros lançados pela banda. A base rock and roll do Pixies é fantástica, unindo pegada e melodia com maestria. Você coloca o CD pra rodar, ou vinil para quem é mais das antigas, e, de cara, a baixista Kim Deal dispara as primeiras notas de Debaser. As guitarras entram, sem nenhuma conotação sexual, rasgando. O vocal de Black Francis é agressivo, como também pode ser doce e melódico. A batera de David Lovering é cheia de contratempos e criatividade. Joey Santiago dá o toque especial nas melodias, como solos e riffs muito bem encaixados em todas as músicas. Formada em Boston, Massachusetts em 1985, o grupo separou-se em 1993 e se reuniu novamente em 2004. O Pixies tocou no festival SWU, em Itu, no interior de São Paulo, agora no mês de outubro. A qualidade e o entrosamento da banda impressionaram tanto quanto o peso de Black Francis e Kim Deal. Os dois estão enormes, muito gordos. Claro que o tempo passa, para todos, mas não deixou de ser engraçado ver a silhueta dos dois. As letras do Pixies flertam com enredos sexuais, com um estilo surreal. Francis é fã do cineasta David Lynch. O descaso com o sucesso, um dos fatores que davam o rótulo de “alternativa” para uma banda, é notado numa declaração de Francis dada em 1989, “sou só um cara que desistiu da faculdade”. Algumas melodias doces como “Here comes your man” “Wave of mutilation” e “La La Love you” se contrapõe a verdadeiras porradas como “Debaser”, “Number 13 baby” e “Tame”. Doolittle é indispensável para um fã de boa música. Assim como toda a discografia do Pixies.


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Postado por Marcos Assis | | Posted On domingo, 26 de setembro de 2010 at 15:50



Artista – Legião Urbana

Álbum – Dois

Ano de lançamento - 1986


Falar da Legião Urbana é falar sobre Renato Russo. Um dos poucos letristas do rock nacional que demonstrava conteúdo nas suas palavras, no seu pensamento, talvez o melhor deles, Renato tem, até hoje, uma legião de fãs, num trocadilho idiota. Mas a Legião não era só isso. A parte instrumental da banda era simples, mas muito bem construída. Dado Villa-Lobos, com um estilo a la Johnny Marr, guitarrista do The Smiths, tinha uma forma peculiar de tocar, encaixando dedilhados e harmônicos milimetricamente nas músicas. O baixista Renato Rocha e o baterista Marcelo Bonfá completavam a cozinha da banda, discreta, mas eficiente. No começo a banda se chamava “Aborto Elétrico”, e contava com Dinho Ouro-Preto, hoje vocalista do Capital Inicial. É impressionante a quantidade de boas bandas que a cidade de Brasília produziu no anos 80, a maioria com influências punk. Plebe Rude, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Finis Africae e Detrito Federal são algumas delas. “Dois” foi um divisor de águas no rock brasileiro e vendeu mais de um milhão e duzentas mil cópias. O disco se chamaria Mitologia e Intuição, mas o nome acabou sendo vetado pela gravadora. Praticamente o álbum todo fez sucesso. Até músicas consideradas de difícil aceitação comercial, como “Eduardo e Mônica”, com suas letras quilométricas, caíram no gosto do público em geral. Ali também estão alguns dos hinos da geração 80, como “Tempo perdido”, “Quase sem querer” e “Índios”. Renato era um espírito inquieto. Seus romances homossexuais, seu envolvimento com álcool e drogas e seu temperamento difícil eram folclóricos. Filho de um diplomata, sempre teve gosto pela leitura. A sua forma de se comunicar através de suas letras era única. Qualquer pessoa que tenha mais de trinta anos possui uma história pra contar onde alguma música da Legião serviu como pano de fundo. Renato faleceu em 1996. A causa de sua morte nunca foi divulgada oficialmente, mas especula-se que ele tenha sido vítima da AIDS.


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Postado por Marcos Assis | | Posted On at 01:05



Artista – Finis Africae
Álbum – Finis Africae
Ano de lançamento - 1987


“Pode ser que tua sombra deixe marcas no caminho, e o vestígio dos teus atos devolva aos fatos o fascínio...”
Vindo de Brasília, uma Meca de bandas fantásticas nos anos 80-90, com influências do rock inglês da época e letras inteligentes, cheias de metáforas, o Finis Africae durou pouco, mas deixou sua marca no rock brasileiro. Formada por Rodrigo Leitão na voz, Neto Pavanelli no baixo, José "Zezinho" Flores na guitarra, Ronaldo Pereira na bateria e Alexandre Saffi na guitarra, o Finis se tornou uma banda “cult”entre as pessoas que ouvem música fora das paradas de sucesso.
Em 1985 a banda participou de um "pau de sebo", uma coletânea da gravadora Sebo do Disco chamado Rumores, junto com as bandas Elite Sofisticada, Detrito Federal, uma das primeiras bandas punks do país, e a Escola de Escândalos, da vocalista paranaense Marielle Loyola, que depois faria parte das Volkanas, banda lendária do Heavy Metal brasileiro formada por mulheres. Marielle hoje trabalha na rádio Mundo Livre, em Curitiba, dando espaço para bandas locais e continua no mundo musical com a banda Cores D’ Flores.
O Finis gravou as músicas "Ética" e "Van Gogh". Acabaram sendo a banda de maior sucesso na coletânea, e, como prêmio, gravaram pelo mesmo selo o mini LP "Finis Africae". Em seguida mudaram-se para o Rio de Janeiro e desfrutaram o êxito de "Armadilha", que possibilitou a gravação do álbum Finis Africae, pela EMI. Novas gravações de "Armadilha", "Máquinas" e "Mentiras", além das novas "Ask the Dust" e "Deus Ateu" conseguiram alguma repercussão nas rádios. Musicalmente o disco é repleto de camadas de efeitos na guitarra, criando um ambiente etéreo. O vocal é empostado, grave, sem muitas afetações. O baixo faz linhas melódicas em quase todas as músicas, dando um tom particular às composições e a bateria é discreta deixando os devaneios para o baixo e as guitarras. Sua música de maior “sucesso” foi Armadilha, dos célebres versos “andando entre cacos, me sinto em pedaços, e até hoje não sei dizer se está tudo acabado...”
Para achar algum material do Finis hoje, o cidadão tem que ser persistente. Nos meados dos anos 80-90, para se conseguir um disco de uma boa banda fora da mídia, era preciso se tornar o chamado “rato de sebo”, ou seja, fuçar em todos os sebos disponíveis procurando seu Santo Graal, o disco da banda que só você conhecia, e te fazia ter orgulho disso. Hoje, apesar de a internet ter tornado mais fácil a vida de um apreciador de boa música, os sebos ainda sobrevivem e ainda é possível encontrar os mesmo discos dessa época, perdidos em meio às prateleiras empoeiradas.
A banda durou... Um disco. Em 1990 o grupo se desfez, voltando a se reunir apenas em 98, para shows no Rio e Brasília. Suficiente para deixar sua marca no rock tupiniquim e manter uma legião de fãs fiéis até hoje.


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Postado por Marcos Assis | | Posted On sábado, 22 de maio de 2010 at 04:52



Artista – Dio
Álbum – Holy Diver
Ano de lançamento - 1983


“Hoje meu coração se despedaçou, Ronnie faleceu às 07h45m de 16 de maio. Muitos amigos e familiares puderam se despedir antes de sua morte. Ronnie sabia o quanto era amado por todos vocês. Nós também agradecemos o amor e o apoio que todos vocês nos deram. Por favor, nos dêem alguns dias de privacidade para lidarmos com essa terrível perda. Saibam que ele os amava e sua música viverá para sempre”. Com essa mensagem publicada no site do cantor, a esposa e empresária de Ronnie James Dio, Wendy Dio, informou aos fãs de todo o mundo o falecimento do vocalista. O heavy metal perdeu sua melhor voz. Dio faleceu, vítima de câncer no estômago, essa doença maldita que ceifa vidas deste orbe sinistro há um século, sem cura, ou sem divulgação da cura, o que acho mais palpável. Há mais de 30 anos na estrada, Dio era respeitado não só por sua música, mas por sua simplicidade. Nascido em Portsmouth, nos Estados Unidos, ele começou a obter destaque em sua carreira no ELF, banda com influências de blues e rock. Dio cantou também no Rainbow, banda formada pelo genial Ritchie Blackmore, ex guitarrista do Deep Purple. Sua voz logo chamou a atenção do público, pela força fantástica que possuía. Apesar de ter, aproximadamente, 1.60 de altura, Dio tinha a voz de um gigante. Sua passagem pelo Black Sabbath rendeu o que muitos consideram os três melhores álbuns da banda: Dehumanizer, Mob Rules e o fantástico Heaven and Hell, além do disco ao vivo Live Evil. A união do peso do Sabbath, principalmente dos riffs de Tony Iommi, ao vocal poderoso de Dio era indescritível.


Em Curitiba, o mestre tocou três vezes. Estive presente no show de 1997 no Marumby Expocenter, onde Dio tocou ao lado de Bruce Dickinson e da banda de Jason Bonham, filho de John Bonham, ex baterista do Led Zeppelin, e em 2006, no Masterhall, na turnê de lançamento do disco Holy Diver Live, uma comemoração dos 23 anos de lançamento de Holy Diver. O show de 2006 foi no dia treze de setembro, três dias depois do aniversário de Dio. Um fã levou essa bandeira que está na foto com os dizeres "Happy Birthday Holy Dio". O cara se emocionou com o carinho dos fãs curitibanos. Posso dizer que foram dois dos melhores shows que já tive a oportunidade de ver. A presença de palco do baixinho era espetacular, dominando com simpatia o público, com gestos característicos como o “devil’s horn”, os “chifrinhos” que fazia com as mãos a cada música. Holy Diver foi lançado em 1983 e se tornou um clássico. Fora a conhecida genialidade vocal de Dio, chamado de “amígdalas de aço”, o disco trás uma banda recheada de feras. Vivian Campbell (ex Def Leppard e Whitesnake) nas guitarras, Vinny Apice na bateria e Jimmy Bain (ex Rainbow) no baixo. "Don’t talk to strangers" começa com um dedilhado envolvente na guitarra. O vocal de Dio entra quase de forma infantil na música, que de repente fica com um peso fantástico. É uma das melhores músicas da carreira do cara. “Caught in the middle” , “Straight through the heart”, “Shame on the night”, “Stand up and shout”, “Rainbow in the dark” e a faixa título, “Holy Diver”, são clássicos do heavy metal que permaneceram por quase 30 anos no repertório de Dio. Atualmente ele estava em turnê com o Heaven and Hell, banda formada com Tony Iommi na guitarra, Vinny Appice na bateria, Geezer Buttler no baixo e Dio nos vocais. Simplesmente o Black Sabbath, sem Ozzy Osbourne e o baterista Bill Ward. A banda se reuniu em 2007 para reviver os tempos do álbum Heaven and Hell, do Black Sabbath. Após uma bem sucedida turnê mundial, que passou pelo Brasil em 2009, eles lançaram um disco com músicas inéditas, The Devil You Know. Infelizmente a vida sempre nos prega peças que não podemos explicar. Num dos melhores momentos de sua brilhante carreira, Dio foi rapidamente consumido pela doença e retirado deste lugar sinistro que chamamos de mundo. Músicos que tiveram a honra de conviver com Dio estão divulgando notas de pesar em seus sites. Todos ressaltam a forma amável como ele tratava as pessoas, músicos, amigos ou desconhecidos. “Eu tive o privilégio de tocar com ele em um show em São Paulo, em 2006 ele me convidou para tocar Mob Rules, a última canção do show e com direito a um espaço para um solo! Eu nunca vou esquecer, foi um dos dias mais felizes da minha vida, apenas um mestre real pode ser tão amável”, declarou Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura. “Ronnie não foi apenas um vocalista incrivelmente talentoso, mas também uma pessoa maravilhosamente afável, inteligente e generosa e essa pessoa brilhou tanto em cima quanto fora do palco, deixando uma marca positiva em todos que entraram em contato com ele. O mundo perdeu um talento insubstituível e, em primeiro lugar, um dos melhores seres humanos que você poderia sempre querer conhecer” afirmaram os membros do Iron Maiden. O parceiro de tantos anos Tony Iommi, publicou uma nota falando da terrível perda.”Ontem meu querido amigo Ronnie James Dio morreu às 7h45 da manhã, horário de Los Angeles. Estou em choque total. Eu simplesmente não posso acreditar que ele se foi. Ronnie era uma das pessoas mais legais que eu já conheci. Tivemos alguns momentos fantásticos juntos. Ronnie amava o que fazia, compor músicas e cantar no palco. Ele amava tanto seus fãs. Ele era um homem amável e podia se colocar em segundo plano para ajudar aos outros. Eu posso dizer honestamente que verdadeiramente foi uma honra tocar ao seu lado todos estes anos. Sua música viverá para sempre. Temos muita consideração pela Wendy Dio, (esposa e empresária), que esteve com Ronnie até o final. Ele a amava muito. O homem com a voz mágica é uma estrela entre as estrelas, um profissional verdadeiro. Vou sentir muito a sua falta, meu querido amigo”. Como diz a letra de Heaven and Hell, um dos maiores clássicos do Sabbath e do heavy metal “Se isto parece ser real, é ilusão. Para cada momento da verdade, há confusão na vida”.
Rest in peace master Dio!



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Postado por Marcos Assis | | Posted On terça-feira, 18 de maio de 2010 at 14:55



Artista – U2
Álbum – Boy
Ano de lançamento - 1980


A década de 80 começava recheada de boas bandas. Joy Division, Talking Heads, The Clash. De Dublin, na Irlanda, cidade conhecida apenas pelos ataques sangrentos do I.R.A, (Exército Republicano Irlandês), e pelas brigas entre católicos e protestantes, uma obscura banda lançava o primeiro de uma série de álbuns que os tornaria um dos maiores grupos do mundo nas décadas seguintes.
Boy, lançado em 1980 pelo U2, unia o bom e velho rock and roll com a fúria punk da época. As guitarras cheias de delay e harmônicos de The Edge, estilo característico e inigualável, a voz juvenil, na época, de Bono Vox, o baixo marcado e simples de Adam Clayton e a bateria marcial de Larry Mullen Jr, já no primeiro disco mostravam um entrosamento e uma química própria das grandes bandas.
A capa mostra o menino Peter Radar, vizinho de Bono, e não trás nem o nome da banda nem do disco. I Will Follow abre o CD mostrando logo de cara o lado religioso da banda. A letra fala da relação com Deus, influência do país dos caras. Bono sempre foi meio mala em relação a esse lance de religião, forçando a barra de vez em quando. Ele mesmo declarou nos anos 90, que era meio demagogo, e que tinha se enchido de falar em nome de certas coisas, como religião e seu próprio país. Out of Control, Stories for Boys e The Eletric Co. são fantásticas. O trabalho instrumental é simples, indo direto ao assunto, ao que interessa, sem as firulas instrumentais intermináveis que tinham marcado o rock progressivo dos anos 70, e que tinha sido destruído pelo punk em 77.
Eles sempre estiveram envolvidos com questões mundiais, como a fome e a Aids. Em 1985, tocaram no Live Aid, um festival que reuniu as maiores bandas da época, como o Queen, com a grana sendo revertida para combater a fome na Etiópia.
O U2 manteve uma qualidade linear nos seus álbuns até Rattle and Hum, lançado em 1988. A partir daí a banda flertou com a música eletrônica, essa praga moderna, e acabou se perdendo um pouco em relação ao seu verdadeiro som.
Ao vivo eles são, junto com os Stones, as únicas grandes bandas de estádio que sobraram. Bandas de estádio são as aquelas que, diante do crescimento do rock no final dos anos 70, passaram a tocar em grandes arenas, pois lugares pequenos já não acomodavam seu público.
Confira alguns vídeos memoráveis dos caras, como o Live at The Red Rocks e Rattle and Hum. Ouvindo a discografia deles até 1988, no álbum Rattle and Hum, você estará com o melhor que o U2 produziu, em mais de 30 anos de carreira.


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Postado por Marcos Assis | | Posted On at 14:15



Artista – Camisa de Vênus
Álbum – Batalhões de estranhos
Ano de lançamento - 1985


Rock and roll, da melhor qualidade, vindo da Bahia. Estranho? Se você está acostumado com axé, abadá ou Pitty é muito estranho.
Marcelo Nova é um daqueles caras que você adora ou odeia, não tem meio termo. Conhecido por sua língua afiada, dando opinião sobre tudo que lhe perguntam, e também sobre o que não lhe perguntam, Marcelo ficou conhecido por ser o vocal do Camisa de Vênus, banda que nos anos 80 foi um dos precursores do rock no país.
O segundo álbum da banda, Batalhões de estranhos, lançado em 1985, impressiona pela musicalidade e pela atitude dos caras. Reza a lenda que o nome da banda era considerado "indecente" pela sua gravadora, sendo assim a divulgação em rádio e televisão seria inviável. O Brasil estava recém saindo da ditadura militar e a censura ainda era muito comum na música. Diretores da gravadora Som Livre chamaram os membros da banda para uma reunião e “sugeriram” que mudassem de nome. Marcelo Nova disse que eles aceitavam a mudança e sugeriu que o novo nome de bate pronto: "capa de p...”. O Camisa de Vênus foi expulso da gravadora após essa reunião e seu disco retirado do catálogo da Som Livre. Por mais de um ano os caras ficaram sem gravadora. Esse era o espírito de Marcelo e do Camisa, o rock como diversão, sem frescuras nem papas na língua.
Batalhões de estranhos tem algumas das melhores músicas da história da banda. O hit Eu não matei Joana D’arc, Gothan City, um cover de Jard’s Macalé, Lena e outras pérolas. Talvez a melhor música do álbum seja Rostos e aeroportos. “Vou vestir a minha sombra, preciso me proteger. Eu sempre manegei bem as palavras, mas agora não sei o que dizer...”. Marcelo Nova, numa entrevista dada ao programa Showlivre, apresentado pelo vocalista da lendária banda punk paulista Inocentes, Clemente, declarou que a sua geração foi a última a se interessar por leitura. “Hoje os moleques querem escrever sobre as suas experiências, aí colocam três pode crer e dois tá ligado e acham que a música está pronta”. Sábias palavras...
Cantar “Oh Sílvia piranha...” ou gritar nos shows a frase que se tornou um lema da banda, “Bota pra f...”, numa época em que o país recém tinha reencontrado um pouco de liberdade de expressão, era o máximo para um jovem.
Se você está acostumado a ouvir a Penélope apresentando seus toscos programas na MTV, e não sabe que o pai dela é o Marcelo Nova, vocalista do Camisa de Vênus, vá atrás da banda do velho da beldade.
Você talvez se surpreenda ao descobrir que já houve rock de qualidade nesse país.


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