Postado por Marcos Assis | | Posted On quarta-feira, 22 de dezembro de 2010 at 02:19



Artista - Lloyd Cole And The Commotions
Álbum – Rattlesnakes
Ano de lançamento - 1984


O pop perfeito. Nos anos 80 essa era a busca das bandas e dos críticos musicais. Quem se aproximaria mais do Santo Graal da música, a combinação perfeita entre melodia, ritmo e peso?
Uma das bandas que chegaram muito perto desse conceito foi o Lloyd Cole And The Commotions. Sobre belas levadas de violões, climas de teclados e guitarras milimetricamente colocadas, Cole desfilava seu vocal único, meio rouco, meio boêmio, hipnotizante.
O som do Lloyd tem muito de folk, uma certa aura de trovador medieval. As levadas no violão com sua voz mantendo uma linha melódica característica são belíssimas.
Desafio você a me mostrar algo mais bonito e tocante que “Are you ready to be, heartbroken?” na cena musical de hoje. Não existe. O som era puro, no real significado da palavra.
Rattlesnakes foi o álbum de estréia da banda, e talvez o melhor. Cole era um estudante de filosofia na Universidade de Glasgow, na Escócia. Apaixonado por literatura, ele buscou colocar todas as suas referências nas letras. Em Perfect Skin, ele canta bem mais rápido que a melodia da música para que a letra coubesse nos compassos. Falando de amor, nostalgia, decepções, Cole também tinha um senso de humor oculto nas canções.
Lloyd Cole é a “cara” da banda, o mentor, o criador, mas o guitarrista Neil Clark faz o fundo para os vocais melancólicos de forma sublime. Dedilhados ao violão, bases tranqüilas somente acompanhando o vocal, frases de guitarra econômicas e melodicamente fantásticas, tudo isso fazem a atmosfera do álbum ser fantástica. A banda ainda contava com Blair Cowan nos teclados, outro que criava climas perfeitos para as músicas, Lawrence Donegan no baixo e Stephen Irvine na bateria.
Paul Hardiman, o produtor do disco, se isolou com o grupo por seis semanas e conseguiu um trabalho notável. "Eu me lembro que quando ouvi as gravações fiquei espantado e me perguntando, é tão fácil assim fazer um bom disco? Porque ele foi muito fácil de ser feito, na verdade. O solo de Neil em Forest Fire era algo inacreditável. Eu fiquei maluco também com Are You Ready to Be Heartbroken?, conta o baixista Lawrence Donegan. A letra diz "Você está preparado para ter o coração quebrado? Você está pronto para sangrar?".
Hoje os tempos são outros. Não se fala mais em “pop perfeito”. Talvez por o pop de hoje seja um lixo, comercial e descartável.
Mas se algum dia essa busca embriagou críticos e bandas, Cole e seus Commotions chegaram muito perto de conseguir. Talvez tenham conseguido...


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Postado por Marcos Assis | | Posted On terça-feira, 21 de dezembro de 2010 at 07:37



Artista - Velvet Underground
Álbum – Velvet Underground and Nico
Ano de lançamento – 1967


Este é, seguramente, um dos álbuns mais marcantes da história do rock and roll. Conhecido como “o álbum da banana”, Velvet Underground And Nico une, ao mesmo tempo, os talentos únicos de Lou Reed e John Cale, a criatividade de Sterling Morrison e da baterista, percussionista e “barulhista” Mo Tucker, ao vocal ingênuo da atriz Nico. Tudo sobre a batuta do rei da Pop Art, o artista plástico Andy Warhol.
Ali estão melodias inigualáveis como Pale Blue Eyes, All Tomorrow’s Parties e Sunday Morning. Velvet and Nico consegue te levar a lugares mágicos, coisa que só grandes, mas grandes álbuns mesmo conseguem fazer. Ao ouvir os primeiros acordes de Venus In Furs até o mais rabugento pagodeiro para e presta atenção. Heroin, música que fala dos efeitos da heroína, tem DOIS acordes, e é uma das mais fantásticas músicas já escritas por um membro dessa raça maldita que somos nós, humanos. John Cale fica fazendo UMA nota com seu violino atrás da música. “Eu não sei exatamente onde estou indo, mas vou tentar ir ao Paraíso, se eu puder. Porque isto faz eu me sentir como um homem. Quando eu enfiar a agulha na minha veia direi a você que as coisas não são mais as mesmas. Quando estou apressado em minha corrida sinto como se fosse filho de Jesus. E acho que eu simplesmente não sei”.
As letras falam de drogas, prostituição, sadomasoquismo, temas que só podiam se transformar em música pelas mãos de Lou Reed. É incrível a quantidade de camadas de instrumentos que é possível perceber nas músicas, tudo isso gravado há mais de 40 anos atrás! Hoje, com todos os recursos moderninhos, uma banda mal consegue passar do tradicional guitarra, baixo, bateria e vocal. Mo Tucker, por exemplo, tinha um estilo único de tocar. Ela virava o bumbo da bateria, os tons, o surdo, e tocava em pé.
Incrivelmente o disco não vendeu bem. Porém, diz a lenda que quem comprou o disco montou uma banda. Numa entrevista dada por Lou Reed nos anos 80, o repórter perguntou qual seria a sua definição sobre o primeiro álbum do Velvet. Lou nem pensou: "é simplesmente o mais importante disco da história do rock". O repórter tentou argumentar se não seria o Sgt. Pepper's dos Beatles. Lou não perdeu a calma e fulminou: "eu disse o mais importante e não o que mais vendeu. Se não está convencido, pergunte para essa nova geração de onde eles tiram esse som."
Artistas do naipe de Iggy Pop e David Bowie concordam plenamente com Lou. Com a palavra, Iggy: "eu me lembro que fui à casa de uma amiga. Entre um beijo aqui e ali, ela colocou o disco do Velvet. Na hora eu parei, fiquei assustado, e depois não parava de ouvir. Eu queria saber mais sobre aquelas letras, aquela selvageria no som. Eu perguntei o que era e ela riu na minha cara, falando que eu era muito careta. Pois foi isso que me senti na hora: um careta! Como uma banda dessas existia e eu não conhecia?".
Bowie também mudou seus conceitos ao conhecer o Velvet: "eu ouvi o disco em Londres pouco tempo depois do lançamento. Não acreditava nos meus ouvidos. Era totalmente fora de moda, agressivo, sujo, excitante. Ninguém concordava comigo quando mostrava o disco e colocava para ouvir. As pessoas pediam para eu desligar o aparelho de som, ficavam chocadas. Londres apesar de ser uma das principais cidades da época em qualidade de música, não estava preparada para agüentar aquilo. Sinceramente, nem eu sabia como gostava. Só sabia que pensava conhecer esse grupo."
Através dessas declarações dá para se ter uma idéia do que Velvet Underground And Nico representou para a história da música.


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