Postado por Marcos Assis | | Posted On sábado, 22 de maio de 2010 at 04:52



Artista – Dio
Álbum – Holy Diver
Ano de lançamento - 1983


“Hoje meu coração se despedaçou, Ronnie faleceu às 07h45m de 16 de maio. Muitos amigos e familiares puderam se despedir antes de sua morte. Ronnie sabia o quanto era amado por todos vocês. Nós também agradecemos o amor e o apoio que todos vocês nos deram. Por favor, nos dêem alguns dias de privacidade para lidarmos com essa terrível perda. Saibam que ele os amava e sua música viverá para sempre”. Com essa mensagem publicada no site do cantor, a esposa e empresária de Ronnie James Dio, Wendy Dio, informou aos fãs de todo o mundo o falecimento do vocalista. O heavy metal perdeu sua melhor voz. Dio faleceu, vítima de câncer no estômago, essa doença maldita que ceifa vidas deste orbe sinistro há um século, sem cura, ou sem divulgação da cura, o que acho mais palpável. Há mais de 30 anos na estrada, Dio era respeitado não só por sua música, mas por sua simplicidade. Nascido em Portsmouth, nos Estados Unidos, ele começou a obter destaque em sua carreira no ELF, banda com influências de blues e rock. Dio cantou também no Rainbow, banda formada pelo genial Ritchie Blackmore, ex guitarrista do Deep Purple. Sua voz logo chamou a atenção do público, pela força fantástica que possuía. Apesar de ter, aproximadamente, 1.60 de altura, Dio tinha a voz de um gigante. Sua passagem pelo Black Sabbath rendeu o que muitos consideram os três melhores álbuns da banda: Dehumanizer, Mob Rules e o fantástico Heaven and Hell, além do disco ao vivo Live Evil. A união do peso do Sabbath, principalmente dos riffs de Tony Iommi, ao vocal poderoso de Dio era indescritível.


Em Curitiba, o mestre tocou três vezes. Estive presente no show de 1997 no Marumby Expocenter, onde Dio tocou ao lado de Bruce Dickinson e da banda de Jason Bonham, filho de John Bonham, ex baterista do Led Zeppelin, e em 2006, no Masterhall, na turnê de lançamento do disco Holy Diver Live, uma comemoração dos 23 anos de lançamento de Holy Diver. O show de 2006 foi no dia treze de setembro, três dias depois do aniversário de Dio. Um fã levou essa bandeira que está na foto com os dizeres "Happy Birthday Holy Dio". O cara se emocionou com o carinho dos fãs curitibanos. Posso dizer que foram dois dos melhores shows que já tive a oportunidade de ver. A presença de palco do baixinho era espetacular, dominando com simpatia o público, com gestos característicos como o “devil’s horn”, os “chifrinhos” que fazia com as mãos a cada música. Holy Diver foi lançado em 1983 e se tornou um clássico. Fora a conhecida genialidade vocal de Dio, chamado de “amígdalas de aço”, o disco trás uma banda recheada de feras. Vivian Campbell (ex Def Leppard e Whitesnake) nas guitarras, Vinny Apice na bateria e Jimmy Bain (ex Rainbow) no baixo. "Don’t talk to strangers" começa com um dedilhado envolvente na guitarra. O vocal de Dio entra quase de forma infantil na música, que de repente fica com um peso fantástico. É uma das melhores músicas da carreira do cara. “Caught in the middle” , “Straight through the heart”, “Shame on the night”, “Stand up and shout”, “Rainbow in the dark” e a faixa título, “Holy Diver”, são clássicos do heavy metal que permaneceram por quase 30 anos no repertório de Dio. Atualmente ele estava em turnê com o Heaven and Hell, banda formada com Tony Iommi na guitarra, Vinny Appice na bateria, Geezer Buttler no baixo e Dio nos vocais. Simplesmente o Black Sabbath, sem Ozzy Osbourne e o baterista Bill Ward. A banda se reuniu em 2007 para reviver os tempos do álbum Heaven and Hell, do Black Sabbath. Após uma bem sucedida turnê mundial, que passou pelo Brasil em 2009, eles lançaram um disco com músicas inéditas, The Devil You Know. Infelizmente a vida sempre nos prega peças que não podemos explicar. Num dos melhores momentos de sua brilhante carreira, Dio foi rapidamente consumido pela doença e retirado deste lugar sinistro que chamamos de mundo. Músicos que tiveram a honra de conviver com Dio estão divulgando notas de pesar em seus sites. Todos ressaltam a forma amável como ele tratava as pessoas, músicos, amigos ou desconhecidos. “Eu tive o privilégio de tocar com ele em um show em São Paulo, em 2006 ele me convidou para tocar Mob Rules, a última canção do show e com direito a um espaço para um solo! Eu nunca vou esquecer, foi um dos dias mais felizes da minha vida, apenas um mestre real pode ser tão amável”, declarou Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura. “Ronnie não foi apenas um vocalista incrivelmente talentoso, mas também uma pessoa maravilhosamente afável, inteligente e generosa e essa pessoa brilhou tanto em cima quanto fora do palco, deixando uma marca positiva em todos que entraram em contato com ele. O mundo perdeu um talento insubstituível e, em primeiro lugar, um dos melhores seres humanos que você poderia sempre querer conhecer” afirmaram os membros do Iron Maiden. O parceiro de tantos anos Tony Iommi, publicou uma nota falando da terrível perda.”Ontem meu querido amigo Ronnie James Dio morreu às 7h45 da manhã, horário de Los Angeles. Estou em choque total. Eu simplesmente não posso acreditar que ele se foi. Ronnie era uma das pessoas mais legais que eu já conheci. Tivemos alguns momentos fantásticos juntos. Ronnie amava o que fazia, compor músicas e cantar no palco. Ele amava tanto seus fãs. Ele era um homem amável e podia se colocar em segundo plano para ajudar aos outros. Eu posso dizer honestamente que verdadeiramente foi uma honra tocar ao seu lado todos estes anos. Sua música viverá para sempre. Temos muita consideração pela Wendy Dio, (esposa e empresária), que esteve com Ronnie até o final. Ele a amava muito. O homem com a voz mágica é uma estrela entre as estrelas, um profissional verdadeiro. Vou sentir muito a sua falta, meu querido amigo”. Como diz a letra de Heaven and Hell, um dos maiores clássicos do Sabbath e do heavy metal “Se isto parece ser real, é ilusão. Para cada momento da verdade, há confusão na vida”.
Rest in peace master Dio!



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Postado por Marcos Assis | | Posted On terça-feira, 18 de maio de 2010 at 14:55



Artista – U2
Álbum – Boy
Ano de lançamento - 1980


A década de 80 começava recheada de boas bandas. Joy Division, Talking Heads, The Clash. De Dublin, na Irlanda, cidade conhecida apenas pelos ataques sangrentos do I.R.A, (Exército Republicano Irlandês), e pelas brigas entre católicos e protestantes, uma obscura banda lançava o primeiro de uma série de álbuns que os tornaria um dos maiores grupos do mundo nas décadas seguintes.
Boy, lançado em 1980 pelo U2, unia o bom e velho rock and roll com a fúria punk da época. As guitarras cheias de delay e harmônicos de The Edge, estilo característico e inigualável, a voz juvenil, na época, de Bono Vox, o baixo marcado e simples de Adam Clayton e a bateria marcial de Larry Mullen Jr, já no primeiro disco mostravam um entrosamento e uma química própria das grandes bandas.
A capa mostra o menino Peter Radar, vizinho de Bono, e não trás nem o nome da banda nem do disco. I Will Follow abre o CD mostrando logo de cara o lado religioso da banda. A letra fala da relação com Deus, influência do país dos caras. Bono sempre foi meio mala em relação a esse lance de religião, forçando a barra de vez em quando. Ele mesmo declarou nos anos 90, que era meio demagogo, e que tinha se enchido de falar em nome de certas coisas, como religião e seu próprio país. Out of Control, Stories for Boys e The Eletric Co. são fantásticas. O trabalho instrumental é simples, indo direto ao assunto, ao que interessa, sem as firulas instrumentais intermináveis que tinham marcado o rock progressivo dos anos 70, e que tinha sido destruído pelo punk em 77.
Eles sempre estiveram envolvidos com questões mundiais, como a fome e a Aids. Em 1985, tocaram no Live Aid, um festival que reuniu as maiores bandas da época, como o Queen, com a grana sendo revertida para combater a fome na Etiópia.
O U2 manteve uma qualidade linear nos seus álbuns até Rattle and Hum, lançado em 1988. A partir daí a banda flertou com a música eletrônica, essa praga moderna, e acabou se perdendo um pouco em relação ao seu verdadeiro som.
Ao vivo eles são, junto com os Stones, as únicas grandes bandas de estádio que sobraram. Bandas de estádio são as aquelas que, diante do crescimento do rock no final dos anos 70, passaram a tocar em grandes arenas, pois lugares pequenos já não acomodavam seu público.
Confira alguns vídeos memoráveis dos caras, como o Live at The Red Rocks e Rattle and Hum. Ouvindo a discografia deles até 1988, no álbum Rattle and Hum, você estará com o melhor que o U2 produziu, em mais de 30 anos de carreira.


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Postado por Marcos Assis | | Posted On at 14:15



Artista – Camisa de Vênus
Álbum – Batalhões de estranhos
Ano de lançamento - 1985


Rock and roll, da melhor qualidade, vindo da Bahia. Estranho? Se você está acostumado com axé, abadá ou Pitty é muito estranho.
Marcelo Nova é um daqueles caras que você adora ou odeia, não tem meio termo. Conhecido por sua língua afiada, dando opinião sobre tudo que lhe perguntam, e também sobre o que não lhe perguntam, Marcelo ficou conhecido por ser o vocal do Camisa de Vênus, banda que nos anos 80 foi um dos precursores do rock no país.
O segundo álbum da banda, Batalhões de estranhos, lançado em 1985, impressiona pela musicalidade e pela atitude dos caras. Reza a lenda que o nome da banda era considerado "indecente" pela sua gravadora, sendo assim a divulgação em rádio e televisão seria inviável. O Brasil estava recém saindo da ditadura militar e a censura ainda era muito comum na música. Diretores da gravadora Som Livre chamaram os membros da banda para uma reunião e “sugeriram” que mudassem de nome. Marcelo Nova disse que eles aceitavam a mudança e sugeriu que o novo nome de bate pronto: "capa de p...”. O Camisa de Vênus foi expulso da gravadora após essa reunião e seu disco retirado do catálogo da Som Livre. Por mais de um ano os caras ficaram sem gravadora. Esse era o espírito de Marcelo e do Camisa, o rock como diversão, sem frescuras nem papas na língua.
Batalhões de estranhos tem algumas das melhores músicas da história da banda. O hit Eu não matei Joana D’arc, Gothan City, um cover de Jard’s Macalé, Lena e outras pérolas. Talvez a melhor música do álbum seja Rostos e aeroportos. “Vou vestir a minha sombra, preciso me proteger. Eu sempre manegei bem as palavras, mas agora não sei o que dizer...”. Marcelo Nova, numa entrevista dada ao programa Showlivre, apresentado pelo vocalista da lendária banda punk paulista Inocentes, Clemente, declarou que a sua geração foi a última a se interessar por leitura. “Hoje os moleques querem escrever sobre as suas experiências, aí colocam três pode crer e dois tá ligado e acham que a música está pronta”. Sábias palavras...
Cantar “Oh Sílvia piranha...” ou gritar nos shows a frase que se tornou um lema da banda, “Bota pra f...”, numa época em que o país recém tinha reencontrado um pouco de liberdade de expressão, era o máximo para um jovem.
Se você está acostumado a ouvir a Penélope apresentando seus toscos programas na MTV, e não sabe que o pai dela é o Marcelo Nova, vocalista do Camisa de Vênus, vá atrás da banda do velho da beldade.
Você talvez se surpreenda ao descobrir que já houve rock de qualidade nesse país.


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