Postado por Marcos Assis | | Posted On terça-feira, 18 de maio de 2010 at 14:15

Artista – Camisa de Vênus
Álbum – Batalhões de estranhos
Ano de lançamento - 1985
Rock and roll, da melhor qualidade, vindo da Bahia. Estranho? Se você está acostumado com axé, abadá ou Pitty é muito estranho.
Marcelo Nova é um daqueles caras que você adora ou odeia, não tem meio termo. Conhecido por sua língua afiada, dando opinião sobre tudo que lhe perguntam, e também sobre o que não lhe perguntam, Marcelo ficou conhecido por ser o vocal do Camisa de Vênus, banda que nos anos 80 foi um dos precursores do rock no país.
O segundo álbum da banda, Batalhões de estranhos, lançado em 1985, impressiona pela musicalidade e pela atitude dos caras. Reza a lenda que o nome da banda era considerado "indecente" pela sua gravadora, sendo assim a divulgação em rádio e televisão seria inviável. O Brasil estava recém saindo da ditadura militar e a censura ainda era muito comum na música. Diretores da gravadora Som Livre chamaram os membros da banda para uma reunião e “sugeriram” que mudassem de nome. Marcelo Nova disse que eles aceitavam a mudança e sugeriu que o novo nome de bate pronto: "capa de p...”. O Camisa de Vênus foi expulso da gravadora após essa reunião e seu disco retirado do catálogo da Som Livre. Por mais de um ano os caras ficaram sem gravadora. Esse era o espírito de Marcelo e do Camisa, o rock como diversão, sem frescuras nem papas na língua.
Batalhões de estranhos tem algumas das melhores músicas da história da banda. O hit Eu não matei Joana D’arc, Gothan City, um cover de Jard’s Macalé, Lena e outras pérolas. Talvez a melhor música do álbum seja Rostos e aeroportos. “Vou vestir a minha sombra, preciso me proteger. Eu sempre manegei bem as palavras, mas agora não sei o que dizer...”. Marcelo Nova, numa entrevista dada ao programa Showlivre, apresentado pelo vocalista da lendária banda punk paulista Inocentes, Clemente, declarou que a sua geração foi a última a se interessar por leitura. “Hoje os moleques querem escrever sobre as suas experiências, aí colocam três pode crer e dois tá ligado e acham que a música está pronta”. Sábias palavras...
Cantar “Oh Sílvia piranha...” ou gritar nos shows a frase que se tornou um lema da banda, “Bota pra f...”, numa época em que o país recém tinha reencontrado um pouco de liberdade de expressão, era o máximo para um jovem.
Se você está acostumado a ouvir a Penélope apresentando seus toscos programas na MTV, e não sabe que o pai dela é o Marcelo Nova, vocalista do Camisa de Vênus, vá atrás da banda do velho da beldade.
Você talvez se surpreenda ao descobrir que já houve rock de qualidade nesse país.
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