Postado por Marcos Assis | | Posted On terça-feira, 18 de março de 2008 at 06:06


Álbum - Supercarioca

Artista - Picassos Falsos
Ano de lançamento - 1988


No turbilhão de bandas que os anos 80 apresentaram ao cenário musical do Brasil, algumas se destacaram pela originalidade, não sendo, como a maioria delas, uma cópia de bandas gringas.
O Picassos Falsos certamente era uma delas. Seu segundo disco, Supercarioca, de 1988, é a síntese dessa visão de fazer música com originalidade. Juntando samba, rock, Hendrix, Noel Rosa e genialidade, esse é um clássico do rock nacional.
Baixo e bateria swingados, cheios de grooves, quebradas, a voz potente e forte de Humberto Effe, a guitarra criativa, cheia de citações e lampejos geniais, poucas vezes uma banda nesse país teve tanto feeling e entrosamento.
A mistura de violão e guitarra na bela Bolero, com citação de "3rd Stone from the Sun" (Jimi Hendrix), a batida hipnótica de Marlene incluindo no seu final os versos de Último Desejo de Noel Rosa “E ás pessoas que eu detesto, diga á elas que eu não presto, que o meu lar é o botequim, e que eu arruinei a sua vida, que eu não mereço a comida que você pagou pra mim”, a realidade sinistra de chuvas e deslizamentos de terra na época em Rio de Janeiro, o retrato bem humorado da cidade em Supercarioca, tudo feito sem exageros nem virtuosismo, apenas criatividade bons músicos.
Supercarioca certamente está entre os 10 melhores discos já produzidos nesse país, apesar de só ser conhecido entre aqueles apreciadores de boa música, que fuçam atrás de bons sons, ou pessoas que viveram a época, onde a música era feita pela música, não pelo dinheiro.
Bons tempos...
Setlist
1 - Retinas
2 – Bolero
3 – Marlene
4 – Verões
5 – Wolverine
6 – Sangue
7 – O homem que não vendeu sua alma
8 – Fevereiro
9 – Fevereiro 2
10 – Rio de janeiro
Em meados da década de 80, poucos grupos brasileiros de música pop pensavam em misturar ritmos regionais ao rock. Essa salada rítmica só viria a ser comum na música brasileira a partir dos anos 90, com artistas como Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A. Mas uma banda carioca já unia essas duas pontas uma década antes: desde a sua formação, em 1985, o quarteto Picassos Falsos já misturava rock, soul e funk com baião, afoxé, maracatu e samba. O som particular do PF chamou a atenção de crítica e público, que fez de músicas como "Carne e osso", "Quadrinhos", "Supercarioca" e "O homem que não vendeu sua alma" sucessos. Em 1990, depois de lançar dois discos - "Picassos Falsos" (1987) e "Supercarioca" (1988), ambos pela RCA (atual BMG) - o grupo se separou. Em 2001, voltou com a mesma formação que gravou o fundamental "Supercarioca". A banda, formada por Humberto Effe (voz e violão), Gustavo Corsi (guitarra, violão e cavaquinho), Romanholli (baixo) e Abílio Rodrigues (bateria), recomeça de onde parou: olhando para a frente e buscando novas alternativas, sem ficar preso ao passado, evitando repetir os clichês do chamado BRock dos anos 80. O grupo nasceu com o nome de O Verso, em 1985, no bairro carioca da Tijuca, em torno de quatro amigos de escola. Na época, o baixo ficava a cargo de Caíca, talentoso músico, autor da linha de "Carne e osso". Caíca viria a falecer precocemente em 2001, vítima de um acidente de carro. O nome definitivo, Picassos Falsos, foi escolhido a partir de uma música do compositor Alvin L.. Em 1987, o quarteto (já com o baixista Zé Henrique no lugar de Caíca) gravou a sua primeira fita demo com as canções "Carne e osso", "Quadrinhos" e "Idade Média". A rádio Fluminense FM (na época, a maior divulgadora do pop rock brasileiro que se firmava) passou a tocar as três canções. Foi escutando a rádio que o jornalista e produtor José Emílio Rondeau conheceu o som do Picassos Falsos. O interesse acabou levando a banda a assinar, em 1987, um contrato com o Plug, selo dedicado ao rock criado pela RCA. O primeiro disco, "Picassos Falsos", foi lançado no mesmo ano. As músicas "Quadrinhos" e "Carne e osso" foram os hits do LP. A primeira entrou para a trilha sonora do programa "Armação ilimitada", da Rede Globo; a segunda incluía uma citação do samba "Se você Jurar", de Ismael Silva. Mas foi com "Supercarioca" que o Picassos Falsos radicalizou o conceito de misturar rock com música brasileira. Apesar de não ter feito o mesmo sucesso que o disco anterior, "Supercarioca" é tido até hoje pela crítica e por artistas como um dos trabalhos mais inovadores da sua geração. Em 1990, o grupo se separou. Durante o tempo em que o PF esteve parado, seus integrantes dedicaram-se a atividades diversas. Humberto Effe dedicou-se à carreira solo, chegando a lançar um disco em 1995 pela Virgin. Gustavo Corsi caiu na estrada como músico profissional, emprestando seu talento a artistas como Ivo Meireles, Gabriel o Pensador, Marina Lima e Cláudio Zoli, além de rodar o Brasil com a banda Rio Sound Machine. Depois de fazer parte da banda Cruela Cruel (que contava com o guitarrista Feranando Magalhães, do Barão Vermelho), Romanholli pendurou temporariamente o baixo para se dedicar ao jornalismo. Abílio chegou a tocar com Belchior e Ivo Meireles, abriu um estúdio e uma loja de instrumentos e formou-se em filosofia. De volta à atividade em 2001, o Picassos Falsos dedicou-se a dois projetos: a gravação do terceiro disco "Novo mundo", lançado em junho de 2004 pelo selo Psicotronica, e o show "Hipercariocas", uma celebração da canção carioca, em que PF tocou músicas de compositores como Paulo da Portela, João Donato, Chico Buarque e João Nogueira. Durante a temporada numa casa noturna do Leblon, no Rio de Janeiro, o show contou com a participação de artistas como Frejat, Dado Villa-Lobos, Ivo Meireles e Domenico.Em novembro de 2004, a banda participou do TIM Festival, o mais importante evento de música do país. O Picassos tocou no palco principal, abrindo a noite do dia 6, sábado , para a cantora PJ Harvey e o grupo Primal Scream.


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