Postado por Marcos Assis | | Posted On quarta-feira, 9 de setembro de 2009 at 07:00



Artista – Marisa Monte
Álbum – Verde anil amarelo cor–de–rosa e carvão
Ano de lançamento - 1994

Marisa Monte é dona de uma voz fantástica. Herdeira das alma luminosas das melhores cantoras que esse país já teve, como Elis Regina, Dalva de Oliveira e Ângela Maria, Marisa apareceu do nada e, com apenas dois discos, conquistou o público e a crítica com sua interpretação doce, afinada e bem colocada. Cantando em bares no Rio de Janeiro, com um repertório regado a jazz e MPB, a menina acabou sendo descoberta pelo produtor Nelson Mota, que passou a produzir seu show Veludo Azul. Ela foi uma das únicas, ao menos que eu conheça, a gravar um disco de estréia ao vivo. Normalmente os artistas ou bandas só lançam um disco ao vivo depois de algum tempo de carreira, Marisa fez o inverso.
Cor–de–rosa e carvão é harmonicamente perfeito, com uma combinação limpa de violões, guitarras, baixo e percussão, fazendo a “cama” para a voz de Marisa. As músicas são parcerias com Arnaldo Antunes, Nando Reis e Carlinhos Brown, além de covers. O trabalho conta com o baixista Arthur Maia, um dos mais requisitados baixistas do Brasil, (tocou com Caetano Veloso, entre outros), Marcos Suzano na percussão, considerado um dos maiores percussionistas do mundo, (tocou até com David Bowie), Naná Vasconcelos, o mestre da percussão mundial, considerado o maior de todos,são alguns dos craques que participam do disco. Como se não bastasse, ainda fazem participações especiais, Paulinho da Viola, legenda do samba brasileiro, a Velha Guarda da Portela, senhores que levam no seu sangue boa parte da história do samba desse país e a americana Laurie Anderson, multi-instrumentista, artista plástica e ex-mulher de Lou Reed.
Cercando-se não de mestres, mas de mitos dessa grandeza, era esperado que o CD tivesse o mesmo brilho de seus participantes.
A sua versão para Pale Blue Eyes, do Velvet Underground, é quase uma canção de ninar, tal a delicadeza do violão acompanhando Marisa. Vale lembrar que regravações são sempre duvidosas, ainda mais de clássicos, mas a canção manteve sua qualidade. Balança Pema, de Jorge Ben, trás a percussão pegada de Marcos Suzano, a bateria de Jorginho Gomes e o baixo de Arthur Maia. Marisa divide os vocais com Gilberto Gil, quer mais?
Alta noite é daquelas músicas que a gente ouve o dia todo, sem cansar. A letra é de Arnaldo Antunes, com seu característico jogo de palavras. “Alta noite já se ia, ninguém na estrada andava. No caminho que ninguém caminha, alta noite já se ia. Ninguém com os pés na água...”
Dança da solidão, de Paulinho da Viola, é um daqueles sambas clássicos, fortes. A letra fala sobre desilusões, amores perdidos, com a pureza da poesia de Paulinho. “Solidão, palavra. Cavada no coração. Resignado e mudo. No compasso da desilusão... Viu! Desilusão, desilusão. Danço eu, dança você.Na dança da solidão...”.
O trabalho é um alquimia de talentos fantásticos, unidos por uma voz. Marisa continua fazendo boa música, se cercando dos mesmos parceiros. Mas esse álbum talvez seja inigualável em sua carreira.


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